quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que minha cadela pensa de mim

Este texto maravilho foi extraído de um livro do Rubem Alves, só mudei o nome da cachorra para a minha rsrsrsrsrs, o livro se chama "Ostra feliz não faz pérola"

vida de cão


Meu nome é Pitchuca. É assim que me chamam, Quando gritam o meu nome, sei que me querem perto deles. Psicologicamente posso ser definida como um animal incapaz de mentir ou fingir. Minha alma mora na minha pele. Quando estou alegre, meu rabo abana por conta própria, independente da minha vontade. Quando a alegria é demais, dou umas mijadinhas. Quando estou triste, meu rabo e minha cabeça abaixam. Quando estou com sono, me esparramo no chão, do rabo ao focinho. Tudo se dependura: Pele, orelhas, testa, olhos. Meu dono gosta de mim embora fique bravo quando pulo para abracá-lo e lhe dou uma lambida. O que é verdade para mim não é verdade para o meu dono. A alma dele não mora na pele. Ele mente. Ele finge. Nunca o vir dar uma mijadinha de felicidade. Talvez ele não seja suficientemente feliz para isso. às vezes, eu estou deitada do jeito como descrevi e ele está assentado numa cadeira. Ele olha para mim de um jeito diferente. Não é alegria. Não é tranquilidade. Acho que é inveja. Ele gostaria de ser como eu sou, mas não tem coragem... Está morrendo de vontade de se esparramar também no chão frio, como eu. Mas não o faz. Fico a pensar: o que o impede? Acho que é vergonha. Os homens têm vergonha uns dos outros. Sou feliz porque não tenho vergonha e faço o que quero. Talvez essa a razão por que os homens gostam de ter pets: porque nos pets eles projetam uma felicidade que eles mesmos não têm. Diga-me o pet que você tem e eu saberei como é a sua alma. Os pets têm uma função terapêutica. Bem, eu sou uma cadela, e tudo o disse foi de brincadeirinha. Porque eu mesmo, na realidade, me contento em ser feliz. Não gasto tempo pensando essas coisas...


Até mais,
Diel

Um comentário:

  1. Que lindo! adorei! Me fez refletir...
    Meus cães são a alegria da casa, se tento ficar triste e entrar numa de "deprê" e não sair da cama, eles pulam em cima de mim, me lambem, me mordem, chamam pra brincar. E ai eu saio da cama, lembro que tenho que alimentá-los, sair pra pegar sol, passear, brincar...E nisso volto a vida de novo...
    A melhor terapia é a caninna

    Leticia Nassinger http://caopegada.blogspot.com/

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